Sete dicas para a segurança online dos mais novos - artigo de opinião

 

Opinião: Sete dicas para a segurança online dos mais novos

Muitas vezes falta paciência (e conhecimento) para aplicar as melhores regras na utilização correta das palavras chave para proteger acessos a serviços online, e a privacidade dos mais novos. Nuno Mendes, CEO da WhiteHat, deixa alguns conselhos que podem ajudar.

 

Por Nuno Mendes (*)

 

Há algumas décadas, o chamado “generation gap” entre pais e filhos era normalmente ilustrado pela diferença entre a música que uns e outros ouviam na sua adolescência, e a incapacidade dos mais velhos em “entender” o rock ‘n rol.

Hoje, numa altura em que é a própria música popular o grande elemento nivelador entre gerações – e basta deambular por um qualquer festival de verão em Portugal para encontrar uma interessante mistura geracional – surge um outro fator, de resto inexistente há apenas 20 anos: a Internet.

Crescer antes da era da Internet (ou, mas precisamente, da World Wide Web) e das redes sociais deixou muitos utilizadores mais velhos pouco preparados para enfrentar os riscos do mundo virtual e, muitas vezes, perplexos com o apelo, e os efeitos, destas novas realidades nas vidas dos mais novos.

O que nos leva a outro estereótipo com forte ligação à realidade: a dos filhos que são tecnologicamente mais proficientes que os pais. O que é problema, quando cabe aos progenitores fazerem tudo o que esteja ao seu alcance para proteger os seus filhos, mais descobrem que as regras do mundo real só em parte se aplicam ao mundo virtual.

Mas, na verdade, em ambos os casos a proteção requer mais bom senso do que outra coisa qualquer. Sem querer escrever um tratado sobre segurança online, deixo aqui sete dicas para melhorar a segurança online dos mais novos sob o ponto de vista da proteção através de passwords – seja para eles próprios seguirem, seja para os pais usarem como ferramentas de proteção para si e para o resto da família:

  • Criar uma palavra-passe única para cada conta e não a partilhar com ninguém. Isto evita que, quando um website – como um sistema de correio eletrónico baseado na web – é atacado e as suas contas comprometidas, a password que usou para lhe aceder não poderá ser usada em mais nenhum recurso ou serviço usado por si.
  • Mais importante do que misturar letras e algarismos (a sugestão habitual), é o tamanho da palavra-passe – quanto maior, mais segura será. Comece com pelo menos 8 carateres, mas prolongue o código para proteger de forma mais segura dados valiosos ou contactos. Se tiver problemas em recordar-se de uma palavra-passe complexa, pode optar por uma “frase-chave” ou por um gestor de palavras-passe (mais sobre estes em baixo).
  • Evite usar palavras do dicionário (palavras comuns, nomes, datas ou números) ou escolhas óbvias como 12345678, “password” ou “qwerty” (sim, estas são mesmo passwords usadas por milhões de pessoas em todo o mundo…).
  • Acrescente um pouco de “especiaria digital”, como números e carateres especiais – como [, @, #, !, etc. – ou use-os como substituto para algumas letras na sua palavra-passe…
  • … Mas se usar a opção da substituição, não recorra a “erros” propositados comuns, como substituir um “a” por “@” ou um “i” por um “1” ou “!”, pois os sistemas de “cracking” de passwords já têm essas opções em consideração.
  • Altere a sua palavra-passe regularmente. Novamente, quanto mais importantes forem os dados que a palavra-passe protege, mais curto o intervalo de alteração da palavra-passe deve ser.
  • Uma das regras mais importantes é nunca reutilizar a mesma palavra-passe em contas diferentes. Se não reutilizar, uma palavra-passe roubada afetará apenas uma conta. Sim, esta dica é uma repetição da dica no ponto 1. Mas vale a pena repetir.

Em teoria, as dicas parecem simples, mas a realidade é bem mais complexa. Múltiplos estudos provam que o típico utilizador possui dezenas de palavras-passe e um número ainda maior de contas, o que torna a gestão das palavras-passe, em função das dicas supracitadas, um desafio. Para uma criança, isto pode ser ainda mais frustrante à medida que cria múltiplas contas ao longo dos anos.

No entanto, existem estratégias para permanecer seguro e tornar estes processos convenientes para os mais novos. A primeira coisa que pode ajudar são as “frases-chave”. Além de terem de ser mais compridas do que as palavras-passe, estas “frases-chave” têm o benefício de serem fáceis de recordar para quem as usa, mas virtualmente impossíveis de adivinhar por outras pessoas.

  • Contudo, assegure-se que a sua criança evita escolhas óbvias, como citações muito famosas provenientes de contos de fada, filmes ou livros. Excetuando isso, pode ser praticamente qualquer frase. Para elevar o nível de segurança, ajude-a a incorporar algumas das abordagens especificadas em cima – apimentar a “frase-chave” com pontuação, números, letras maiúsculas e minúsculas e espaços.

    Outra forma de fazer a gestão da segurança online é através de um gestor de palavras-passe de confiança. Estes permitem aos mais novos armazenar todas as suas palavras-passe num só lugar – sem necessidade de se lembrarem de todas elas. Apenas têm de se recordar de uma, aquela que irá depois desbloquear toda a base de dados na app.

    (*) CEO da WhiteHat

  • artigo publicado em:
  • http://tek.sapo.pt/opiniao/artigo/opiniao_sete_dicas_para_a_seguranca_online_dos_mais_novos-49830grl.html